Bom dia a todos!
Terminou o Raid de l'Amitié 2010. Bem... o que é que eu vos posso dizer do Raid???... O que sempre disse, mais uma vez inesquecível!
Muito duro, cada vez mais, até parece que a AIO quer acabar com a invasão dos mamutes (LC8, HP2 e até GS) com que os portugas dos Nomads se têm passeado pelo Raid... Este ano seria um feito impressionante fazer aquilo tudo com uma LC8, já para não falar numa BM :azn: A dureza da prova foi comentada por todos e o José Henriques, que fez o Dakar em 2007 e é um enorme piloto, fartou-se de fazer comentários do tipo: 'isto é muito pior que o Dakar', ' o RA não é um Raid é um enduro gigante' e 'ainda bem que não trouxe a 660 que ia sofrer das boas' ::)
O Raid desenrolou-se entre Agadir e as pistas a sul de Laayoune, no Sahara Ocidental. Grandes pistas, pouco exploradas e muito técnicas, o Jeff, que desenha o trajecto do Raid, está mais uma vez de parabéns.
Este ano a etapa das dunas foi bastante mais longe que o habitual. Perto de Laayoune existem ergs que deverão ser dos melhores de Marrocos, e para quem conhece o Erg Chebbi digo-vos que é uma brincadeira comparado com as areias finíssimas e traiçoeiras que enterravam a frente da 525 como se estivesse a entrar dentro de água
E houve muita, muita areia, muitas dunas e dunetes espalhadas pelas etapas mais a sul. O pior, no entanto, foram as pistas de pedra, demolidoras, como nas anteriores edições, mas este ano com uma extensão brutal a levar os pilotos e as máquinas aos limites da exaustão.
Há sempre uma pérola no Raid, uma etapa rainha, um percurso com um grau de exigência nos limites da resistência mesmo dos mais bem preparados. Este ano foi tudo compactado na sétima e penúltima etapa entre Laayounne e Guelmin, com quase 500 kms. Começou por 50 kms de uma praia fantástica mas com a maré bem cheia, onde muitos carros atolaram e muitas motas desistiram. Saídos da praia, uma pista dificílima, onde ficaram mais uns quantos, até um percurso de 200 kms de alcatrão a ser feito nos limites da segurança para quem não saiu cedo (os portugas, comme d'habitude...) e queria chegar a tempo de não ser excluído da última parte da etapa: e que parte era essa? Pois bem, mais pistas bem puxadas mas lindíssimas sempre junto ao mar e à falésia, e por fim a Plage Blanche, com uma entrada pela impressionante garganta da foz do Oeud Draa (acho eu que é o Draa, mas tenho de confirmar...) e com 70 kms para fazer pela praia desta vez com a maré bem baixinha a deixar uma pista de sonho com centenas de metros de largura e areia bem compacta: puro, puro, gozo ::)
As classificações: dos portugueses só eu estava propriamente interessado e a fazer tudo para obter um bom lugar na geral. A 525 resolveu não pegar à partida para a 4ª etapa, o que me atirou para um desinteressante 39º lugar. Tivesse feito uma classificação nessa etapa ao nível que fiz nas outras, e tinha trazido o 2º lugar nas motas e o 3º na geral... Entre quase 200 participantes não era mau… Mas contra factos não há argumentos e se calhar outros concorrentes terão muitos outros 'se...' para contrapor ;)
Há alguns melhoramentos a fazer na mota para o ano: tenho tudo partido e não foi por quedas. Aranha, suportes de roadbook e gps, veio tudo preso por abraçadeiras :twisted: O corpinho esse também está bem partidinho e não há 'abraçadeiras' que lhe valham :twisted:
Para o ano também vou tentar uma atitude menos relaxada com a manutenção da mota. Tinha feito a 3ª etapa com a mota a pegar mal, e não tratei de ver com precisão o que se passava. Tinha as válvulas de admissão 'encostadas' o que foi resolvido no dia seguinte em 10 minutos, com a ajuda por telefone do sempre disponível João Rodrigues e um mecânico local de grande competência. Ainda não sei se o 'encosto' das válvulas foi motivado por má afinação na revisão que fiz antes de ir ou por gasolina de má qualidade, disseram-me que pode ser um dos motivos.
Um grande agradecimento a todos os que me apoiaram em mais uma ida, aos que me acompanharam no Raid, ao Tomaz Pessanha que tem o melhor roadbook do mercado (estou a falar a sério, muitos dos outros tiveram problemas, o meu f2r portou-se sempre bem), ao Ricardo Azevedo do CMX-MotoXplores pelo esforço de última hora a limar os últimos pormenores. E a todos vocês com que têm gosto na partilha de mais esta experiência. As fotos vão de seguida, quanto aos filmes, não prometo quando terei alguma coisa apresentável...
Para o ano, se puderem não percam, vão mesmo. Eu lá estarei, claro