Re: Relato Aventura Transmontana V
Day III
O dia começou muito cedo. Muito cedo. Mesmo antes da alvorada se espreguiçar, ja o Merencio descia as escadas com o pote das azeitonas a entornar e saiu porta fora desafiando o ocaso. Pensei para mim: as p*tas das toupeiras vieram agarradas à tenda, ou puseste a enxerga encima d´um ninho de pulgas. Dou mais uma volta p´ra direita, um ronco, e desce o Bob, quase seguido pela canalha miuda, tal qual bando de passaros à procura do repasto matinal. Azar do carago. Há um furo no terrain truck. Ouço uma conversa surda lá ao fundo, parece que a coisa se vai resolvendo - o MPedro já la está - rapaz madrugador.
Levanto-me. Tenho o esqueleto todo encarquilhado. Não do caminho, mas da encherga, do frio do chão... faz parte.
Depois de uma noite assombrada, onde Zeus mostrou a sua garra, encolerizando o Bob que respondeu de martelo em riste, o amanhecer foi digno duma AT: luminoso, mágico, fazendo ressaltar as cores da paisagem. Um após outro, os amigos foram-se pondo a pé, lentamente nas suas tarefas, bebendo daquela manhã mágica, a ultima da AT5.
Comeu-se uma buxa de despojos da noite anterior. Arrumou-se a carga lentamente, porque ninguém tinha pressa dali sair. Fez-se uma faxina fugida ao abrigo e carregaram-se as montadas. Tudo a postos menos as vontades. Não queriamos ir. O Rui Marques e o Hugo ficaram mais um dia. O Marques tinha uma minhocas para dar banho e queria ver as vistas.
O Merêncio foi o primeiro a sair. Tinha um problema no quadro, queria ir a pastar. Dizia-lhe o Marques: vai maciinho, não dez puxões, se ela pedir da-lhe, mas não forces.
confesso que fiquei baralhado sobre o que é que ele estaria a falar...
E lá partimos rumo à aldeia de montesinho. Uns cafés rodeados de conversa. O tempo passava e a tropa não chegava toda. _Agostinho? _Balona? nunca mais. Furo. Ok, explicado. O Balona trazia uma furo. Começou o workshop. Ferramenta nao faltou, vontade e experts também não. larachas e bitaites, colas, mines cigarros, muito suor, mas o grosso foi apoio moral.
Meio dia. Horario p´ro teto. Comecei a ficar irrequieto. O MPedro pôs a burra à estrada e tive vontade de o acompanhar, mas em estrada não teria CV para o acompanhar.
Decidi ir no grupo das cabras e fiz bem.
Lá saimos com o sol apino. Foram umas dezenas de km até vinhais. Descemos o Montesinho, estradões escorregadios, mas com pouca diversão. Fui sempre no pó de alguém e nunca deu para entrar naquele ritmo em que a gente se concentra na pilotagem, a mota anda sempre atravessada e a adrenalina começa a subir - poucas vezes aconteceu. Depois, nunca atinei com a p*ta da carga em cima da moto, não conseguia andar na minha posição de conforto, aspeto que ja estou a rever.
Chegados a vinhais. Paramos, atestamos. Decidimos não almoçar, tinhamos muitos km de regresso. Matricola pro teto - deve ter ficado nalguma esteva (bonito, se aparece o grupo novo roque, estaindes fuckado) . O Agostinho, gabo-lhe o espirito, decidiu ir sozinho farejar uns tracks sozinho. O casal de cabras regressou a casa, ali proximo e ficamos quatro para o regresso por Chaves, Montalegre e Braga. Andamos bem e curvamos melhor. Milhares de curvas. Cheguei a casa com os tacos de fora todos mamados, dasse, um bocado puxado para um D 952.
A partir de Vieira do Minho começam a adensar-se os domingueiros. O nosso ritmo continua alto p´rá estrada que é. Sem asneiras mas bem vivinho. Ultrapassagens, curva, contracurva e assim sucessivamente até Braga.
Chegamos bem. Abraços. Sigo p´rá Póvoa, à entrada um grande estouro com um mercedes à empreiteiro acavalado numa furgunete. GNR, um granel do crg e eu sem matricola. Tento passar entre os pingos da chuva mas não dá. O circo estava montado. Os domingeuiros de olhos esbugalhados bebiam o horror. Quando arranco, naquele ronco de cabra demolidora, fico com o povoleu todo de olhos em mim._Já fostes!
Naaaaaaaaaaa. Safei-me. Olhos nela, na carga, no boneco. Quando acabo de passar por eles, penso: agora abre-se a traseira, o fpta vai apitar. No instinto rodo o punho, galgo 100 m de alcatrão e viro numa vereda de terra. Suspiro. Estava no meu quintal. Meu. Aqui ninguém me caça. Fui até casa em off.
END