Alguns dias atrás, voltamo-nos a reunir na garagem do Miranda, para mais alguns trabalhos de manutenção, os quais visaram apenas a KTM 950 Adventure do Miranda.
Desta vez, a nossa atenção centrou-se na montagem dos novos componentes que constituem todo o sistema mecânico da bomba de água, como os rolamentos, freios, entre outros, bem como a montagem final da tampa do motor, onde se inclui a montagem de uma nova junta.
Operações que antecedem, naturalmente, a colocação de todos os líquidos essenciais ao funcionamento da “laranjinha”.
Mas vamos por partes!
Quanto à bomba de água, o Miranda após ter lido atentamente o manual de mecânica e todos os relatos referentes a esta operação, feitos por outros utilizadores, ganhou coragem e passou à fase de montagem, sempre com a minha ajuda e do Gregório, dado que 3 cabeças pensam melhor que uma
Para esta operação, os rolamentos forma colocados uns dias antes do frigorífico , e a tampa do motor foi aquecida no fogão, de forma a facilitar o encaixe dos rolamentos.
Uma operação que mais parece retirada de um livro de culinária, mas que resulta na perfeição
Depois de alguns minutos ao lume, passamos à montagem dos novos rolamentos, com o devido cuidado e ajuda de um martelo e de uma ferramenta oriunda das chaves de roquete, com a mesma largura dos rolamentos. As pancadas do martelo tinham que ser dadas com calma, descontracção, mas de forma firme.
Havia algum nervosismo nesta operação, dado que haviam alguns receios de danificar os rolamentos, mas no fim, tudo correu da melhor forma e com a ajuda de alguma massa consistente à base de lítio, os rolamentos escorregaram para a sua posição correcta.
A colocação deste freio, que fica entre os 2 rolamentos que constituem este mecanismo da bomba de água, não ofereceu qualquer problema de montagem
O Miranda lá de vez em quando ficava um pouco nervoso e começava a ser um pouco mais “precipitado” na montagem. Mas após alguns segundos de relaxamento e de respirar fundo 3 vezes
, as coisas aconteciam de forma mais natural e calma.
É o nervosismo típico de quem se aventura na mecância pela 1ª vez
Eu também estava um pouco nervoso…
Após finalizada a operação da montagem dos rolamentos, colocamos uma espécie de vedante em borracha, mas um pequeno veio que travessa este vedante e rolamentos.
Como se tratava de uma peça em borracha, as pancadas do martelo foram mais cuidadosas, de forma a não deformar/danificar esta peça em borracha.
Mais uma operação bem sucedida!
Seguidamente, pssou-se à limpeza da zona onde a tampa da bomba de água vai ser montada, bem como à limpeza da zona onde a tampa do motor vai encaixar.
É importante limpar esta zona, de forma a que a nova junta fique fixa de forma uniforme, sem altos ou baixos causados por resíduos da junta antiga.
Enquanto um limpa, o outro aperta os parafusos que seguram a ventoínha do radiador, “team work”
Outro mecanismo que o Miranda aproveitou para fazer manutenção, foi o sistema hidráulico da embraiagem.
A desmontagem do parafuso interior deste sistema hidráulico revelou-se manhosa, ou seja, o parafuso interior era fácil de desapertar, mas retirá-lo foi mais complicado
Com uma ferramenta especial, entenda-se, um bocadinho de madeira , conseguiu-se retirar o parafuso pretendido. Com um pouco de pressão, a madeira encaixou na ranhura do parafuso, permitindo puxar o mesmo para o exterior e proceder-se à manutenção.
O hidráulico da KTM do Miranda estava em boas condições, não havendo muito mais a fazer.
Outra alteração muito útil, foi a colocação de umas válvulas na suspensão dianteira, as quais vazam o ar em excesso do interior da suspensão com apenas um pouco de pressão no topo da válvula. Uma operação que originalmente é feita através de um parafuso e de uma chave.
Agora é mais rápido e eficaz!
Para a montagem da tampa do motor, bem como de outros componentes, havia necessidade de recorrer a uma ferramenta específica e da qual não dispúnhamos, uma chave dinamométrica.
Apenas com esta chave é que conseguimos garantir que determinadas peças ficam com o aperto certo, de forma a que as vibrações não façam com que estas se soltem.
No entanto e sem que nada o fizesse prever, o Miranda comprou esta chave mágica para estas operações:
Uma chave com boa qualidade de construcção e com capacidade para a maior parte dos apertos necessários a estas intervenções mecânicas, com indicação em Nm e Libras.
Antes de passarmos à montagem da tampa do motor e da bomba de água, verificação dos parafusos necessários a esta operação, dado que consoante as zonas, o tamanhos dos parafusos mudam.
Antes de usarmos a chave dinamométrica na tampa do motor, testamos a mesma na montagem do bujão do reservatório de óleo, o qual, segundo o livro de manutenção, requer um aperto com este tipo de chave.
Uma chave simples de operar e que, quando atinge a força de aperto desejada, dá um “clic” a indicar que já atingimos o aperto certo.
E toca a preparar a montagem da pampa do motor:
Não esquecer de colocar a nova junta e certificar que a mesma fica colocada correctamente, porque basta um decuido para no fim haverem derrames de óleo pela junta.
Respira-se fundo uma vez e bora lá:
E já está!
Uma operação um pouco delicada, mas que correu bem.
Não obstante a este sucesso, o Miranda e o Gregório fizeram algumas verificações de segurança, seguindo o manual.
Rapazes cuidadosos
E a chave dinamométrica entra novamente em cena, onde se dá o aperto com os Nm indicados pelo manual
Montagem da tampa de um filtro que se encontra na parte inferior do motor:
Depois pasamos à montagem dos restantes componentes da bomba de água, onde se inclui uma pequena ventoínha:
Na montagem da bomba de água, utilizamos um pouco de cola LOCTITE 243 nos parafusos, de forma a reforçar a fixação dos mesmos. Uma operação indicada no manual de medcânica da KTM.
2 cabeças pensam sempre melhor que 1
Antes da montagem da tampa da bomba de água, procedemos a uma limpeza de todo o circuito deste mecanismo, com uma simples mangueira de água e injectar água para o interior.
Entra por um lado e sai pelo outro
Uma operação simples, mas que me deixou um pouco apreensivo.
Mas se é assim, então não vale a pena ter mais dúvidas
A partir daqui, montou-se a tampa da bomba de água e todos os restantes componentes necessários para se colocar a mota em funcionamento e testar a validade da nossa intervenção mecânica.
O Gregório ocupou-se do bujão de óleo do motor:
E substituiu o filtro de ar, o qual já não estava em condições:
Montagem do hidráulico da embraiagem, simples e rápido de efectuar:
Não esquecer de montar o colector de escape do cilindro dianteiro, o qual revelou-se muito simples de montar, ao contrário de algumas motas…
Os depósitos laterais é que são um pouco mais incómodos de montar, mas nada que com um pouco de paciência não se faça
Montagem da bateria:
E hora de colocar todos os líquidos necessários ao funcionamento da KTM, começando pelo líquido refrigerante:
Atestou-se até que o mesmo transbordou, transparecendo uma cor algo “nuclear”
E colocação do precioso óleo:
Antes de colocar a KTM em funcionamento, últimas verificações no manual de mecânica, de forma a verificarmos se não faltou fazer nada e se tudo o que é necessário ao seu funcionamento está devidamente montado.
E chegou à hora do momento da verdade, ligar a mota:
A KTM não se negou e entrou em funcionamento
Durante os minutos em que a deixamos em funcionamento, ela desligou-se algumas vezes, fruto (julgamos nós) do óleo ainda não estar a circular por completo no motor.
Mas depois de ultrapassada esta fase, nunca mais se desligou e os ruídos mecânicos emitidos pelo motor e escape pareceram-nos normais e saudáveis. A Adventure está, de novo, “viva” e pronta para acção!
Agora fica a faltar o teste de estrada, de forma a confirmar se tudo está a trabalhar bem e se não existem derrames de líquido refrigerante ou óleo.
No fim, a celebração foi inevitável
E uma foto das peças velhas que foram substituídas por novas:
Os dias que passamos na manutenção da KTM 950 Adventure do Miranda foram muito positivos para nós todos, mas principalmente para o Miranda, dado que tivemos um contacto mais directo e intímo com o mundo da mecânica, onde nos foi possível acabar com alguns tabus e incertezas típicas de quem nunca se aventurou neste mundo.
Com calma, descontracção, ferramentas certas e com os manuais, tudo se faz.
Também saliento o papél do Miranda nesta intervenção, dado que as operações mais importantes e de risco foram feitas por ele, contribuindo para alargar os seus conhecimentos pessoais da sua mota.
Agora ninguém o pára
O ínicio da época “adventure” está cada vez mais próximo
Boas Curvas!
PS: Ontem ao final do dia, o Miranda efectuou um primeiro teste de estrada e, tudo parece estar a funcionar dentro da normalidade. Espectáculo!