Havia uma alteração que já algum tempo pretendia realizar na minha KTM 950 ADVENTURE, a remoção do SAS e EPC.
Já tinha visto vários relatos da remoção destes sistemas (Morais, Serôdio, etc), e decidi, finalmente, por mãos à obra.
Mas o que é o SAS e EPC?
Para quem não está familiarizado (que é díficil), o SAS, é um sistema que em conjunto com os catalizadores melhora a queima do combustível, enviando ar fresco para os colectores. A intenção é evitar que haja combustível mal queimado e que os gases emitidos pelos escapes sejam menos nocivos.
Resumindo, um sistema que apenas funciona com as ponteiras de escape de série, que origina muitos ráteres, mas que com uns escapes de rendimento de rendimento, como no meu caso, deixa de fazer sentido.
O EPC, é um sistema que a KTM instalou para que a mota passasse nos testes de homolgação no que respeita às normas europeias anti-poluição.
Na prática, o EPC limita a 2ª e 3ª velocidade em termos de resposta, dado que é nestas relações que os testes das normas europeias anti-poluição são realizados.
Após retirado, a mota fica “desbloqueada”, especialmente em 2ª e 3ª velocidade, reflectindo-se numa resposta ao acelerador mais brusca, ou seja, quando se acelera nestas 2 relações de caixa, ela dá tudo o que tem para dar.
Qualquer um destes sistemas pode ser retirado sem implicações em termos de fiabilidade, dado que os mesmos apenas lá estão por questões de homolgação relacionadas com normas europeias anti-poluição.
Além disso, se algum destes sistemas avariar/funcionar incorrectamente, pode originar alguns problemas, que normalmente são díficeis de identificar.
Passando ao trabalho, uma vez mais pude contar com a ajuda preciosa do meu amigo Miranda e Narciso, os quais estão sempre prontos para ajudar.
Afinal de contas, 3 cabeças pensam melhor que uma.
Começa-se por desmontar a mota, que inclui desmontar depósitos de gasolina, caixa e filtro de ar, enfim, deixar a KTM com a parte mecância completamente exposta:
Não esquecer de antes de retirar os depósitos de gasolina, fechar as torneiras de gasolina de ambos os depósitos e a torneira principal.
Em poucos minutos fica “despida”:
Retira-se a a caixa do filtro de ar, bem como o próprio filtro de ar, não esquecendo de em primeiro lugar desconectar o tubo do SAS da caixa do filtro de ar:
Retira-se o filtro de ar:
E ficamos com os carburadores mais expostos, bem como o acesso mais facilitado a todas as tubagens do SAS e EPC:
Desconecta-se outro tubo de ar do SAS da zona lateral direita da caixa do filtro de ar:
Com os tubos de ar do SAS já desconectados da caixa do filtro de ar, desliga-se uma pequena ficha eléctrica (válvula) do EPC, que se encontra ligada ao SAS, e depois retira-se o SAS do suporte de plástico que o segura, bem como todo este mecanismo para fora, incluindo os tubos
Muito cuidado ao retirar os tubos de ar do SAS, dado que um deles encontra-se ligado a uma pequena ponta plástica, que é muito frágil e fácil de se partir. No meu caso partiu-se…
Passando ao EPC, o mesmo encontra-se na zona lateral direita, mesmo junto ao radiador e depósito do líquido de refirgeração.
Desliga-se uma pequena ficha eléctrica, que mais não é que a válvula do EPC, e também retira-se este mecanismo para fora, o qual encontra-se seguro a um suporte de plástico.
Não esquecer que para retirar todo este mecanismo, é necessário retirar da caixa do filtro de ar um tubo que liga o EPC à mesma:
Posto isto, passamos à desmontagem do restante mecanismo SAS e EPC, nomeadamente as tampas das válvulas de escape.
A tampa do cilindro traseiro é a mais fácil de retirar, devido à sua acessibilidade:
Quanto à tampa do cilindro dianteiro, esta encontra-se menos acessível e com vários “obstáculos” que dificultam a sua desmontagem:
A desmontagem desta tampa foi uma autêntica odisseia, ou para bom entendedor, um “grande pincel”…
Quase não existe espaço para colocar a chave, temos que andar a enfiar os dedos entre os tubos e tentar inventar mil e uma formas de conseguir realizar esta tarefa e, por fim, quase damos em malucos. E ainda faltava montar a nova tampa…
Com um pouco de esforço e paciência, lá de conseguiu desmontar:
Existe um tubo pertencente ao SAS, que sai do meio dos cilindros, onde os carburadores se ligam ao motor, o qual após a remoção do SAS não serve para mais nada. Das duas uma, ou deixamos ficar este tubo, ou cortamos um pouco o mesmo, mas em qualquer um dos casos, convém tapar a ponta do mesmo.
Com o SAS e EPC retirados, ficamos com algumas zonas com buracos, ou seja, zonas que antes eram ocupados por tubagens. Estas zonas incluem de orifícios nos carburadores, os quais são necessários tapar.
Para tapar estes buracos e orifícios, utiliza-se umas tampas de borracha, as quais podem ser adquiridas numa loja de ferragens. Para não corrermos riscos, coloca-se as tampas de borracha com um pouco de cola de borracha, de forma a que as mesmas não se soltem e deixem entrar impurezas.
O meu amigo Miranda tinha uma cola muito boa para esta operação, já para não falar das tampas.
Tapa-se os pequenos orifícios de acesso aos carburadores:
E tapa-se os restantes buracos da caixa e tampa do filtro de ar, por onde antes passavam as tubagens dos respectivos sistemas, sempre com as tampas de borracha e cola:
E passamos à montagem das tampas nos cilindros, que no meu caso foram compradas para o efeito, mas também é possível fazer umas em casa, usando chapa de alumínio.
Para tal, usa-se silicone para juntas mecânicas:
O cilindro traseiro já está:
Faltava o cilindro dianteiro, aquele possui uma acessibilidade reduzida.
Bem, após uns largos minutos de tentativa e erro, já começava a ficar aborrecido e com falta de paciência. Até desapertei o radiador e reservatório de óleo na esperança de melhorar esta operação, mas de pouco serviu…
Mas eis que quando menos esperava, o Narciso (agora também proprietário de uma 950 Adventure S) apareceu e ajudou-nos a resolver esta situação:
Em poucos minutos resolveu a situação, fruto do seu grande à vontade com a mecânica:
Obrigado Narciso, se não fosses tu tinha dado em maluco.
Atenção ao aperto das tampas de alumínio nos cilindros, ou seja, não deverá ser em excesso. Penso que 10 Nm na chave dinamométrica é suficiente.
Bem, fica o aviso para aqueles que pretenderem fazer isto nas suas LC8, o cilindro dianteiro é muito, mas mesmo muito aborrecido de retirar a tampa e colocar a nova, não tenham ilusões.
E a operação de romoção do SAS e EPC estava concluída, restando no fim estas peças, que só estavam a ocupar espaço e a limitar um pouco o motor:
Na zona do cilindro traseiro é visível o maior espaço que ficou, facilitando assim a manutenção da mota:
Mas ainda faltava montar o resto da mota, nomeadamente os depósitos de gasolina e demais componentes.
Bem, com um pouco de paciência lá se montou tudo de novo, ficando a minha LC8 com o aspecto de sempre, ou seja, linda:
Conclusão, dá algum trabalho realizar esta alteração, mas vale a pena.
Já fiz alguns kms desde esta alteração e na prática, verifica-se que a resposta do motor em 2ª e 3ª velocidade melhorou, ou seja, nota-se uma resposta mais cheia e brusca, especilamente em 2ª velocidade.
Quando se acelera de forma mais decidida e sem contemplações, a resposta é realmente um pouco mais brusca e, dependendo do regime de rotação a que vamos, é possível levantar a roda dianteira em aceleração.
Numa palavra, GOSTO!
Para quem já acha o LC8 “nervoso” ou brusco, esta alteração acentua um pouco mais este carácter. Portanto, se não querem alterar um pouco mais o carácter do LC8, não retirem o SAS e EPC.
Por fim, OBRIGADO Miranda e Narciso pela vossa ajuda.